Palavra do Comandante

 

Valorização do Capital Humano na Organização

 

Um importante empresário americano disse um dia que “a estupidez é infinitamente mais fascinante que a inteligência, pois a inteligência tem limites e a estupidez, não”. Sendo assim, quem se arriscaria a motivar seus funcionários, a fim de que acordem cedo todos os dias, pulem da cama e trabalhem com entusiasmo para aumentar a riqueza dos acionistas? Então, podemos pensar que muitas decisões tomadas pelos gestores exigem que sejam levadas em consideração as pessoas que serão afetadas, tanto em termos de resultado como de processos.

Assim, penso que a valorização do capital humano se faz necessário em todos os momentos de vida de uma organização. A valorização do capital humano, ao contrário do que muitos pensam, não se restringe apenas aos benefícios diferenciados, salários atraentes ou programas de premiações. Também não podemos negar que os incentivos externos ajudam na satisfação dos nossos colaboradores, porém não garantem a retenção dos talentos na nossa Corporação.

Se mesmo muitas destas ações não asseguram a motivação satisfatória para o cumprimento do dever baseado na responsabilidade e no compromisso, então o que pode ser feito? Esse questionamento nos levou a uma reflexão, não basta apenas a valorização do ser humano considerando apenas o lado material. Partindo desta análise, passamos a desenvolver um projeto baseado nos conhecimentos adquiridos no Curso de Comando da Corporação, onde fizemos uma Pós-Graduação pela UFRJ, na área de Gestão Estratégica nas Organizações. Um dos pontos altos é o encontro mensal dos aniversariantes do mês, com a realização de um almoço de confraternização. Nestes almoços verificamos uma maior integração entre os pares e uma relação interpessoal entre comando e comandados.

Nestes três anos de gestão, observamos que não se faz presente o orgulho e a arrogância que podem contaminar os colaboradores mais próximos que assumem funções de destaque. O comportamento do gestor e destes colaboradores pode comprometer o clima organizacional quando não se coloca a necessidade da valorização do profissional como um indivíduo ativo e participante dos processos da organização.

Entendemos que os problemas do indivíduo pertencente à organização fazem parte dos nossos problemas. Sendo assim, procuramos saber dos Bombeiros sobre os seus problemas, sua vida familiar e o que podemos fazer para amenizá-los. Neste sentido, em algumas ocasiões durante o horário das instruções, passamos vídeos. Esses vídeos trazem como mensagem o fortalecimento, a valorização e a perpetuação da família. Notamos que isto tem tido um reflexo muito bom na vida dos nossos militares. Se o indivíduo encontra-se bem na sua relação familiar, consequentemente vai desenvolver satisfatoriamente todas as suas atividades, tanto dentro como fora da instituição.

Outro fator de grande relevância tem sido o trabalho espiritual onde procuramos aproximar o Bombeiro para uma relação melhor com Deus independente de religião. Desenvolvemos algumas atividades e criamos um atendimento nesse sentido, onde nossos Bombeiros podem ter acompanha-me to constante. Cada aniversariante recebe uma Bíblia de presente, ficando livre a escolha de sua religião. Neste trabalho, procuramos levar o Bombeiro a despertar curiosidade em conhecer melhor Deus.

Nosso relacionamento é amigável, a hierarquia e disciplina militar não foram quebradas, mas o respeito pelo ser humano, tanto pelos superiores como pelos seus pares, passou a ser valorizado. Acreditamos que todos merecem credibilidade, trabalhamos utilizando sinceridade e verdade, a fim de melhorar o relacionamento entre as pessoas.

Nessa busca, vivenciamos junto aos nossos comandados, vitórias e derrotas. O resultado de estar mais próximo a tropa tem sido aferido quando ouvimos da população sua satisfação no atendimento prestado pela Corporação.

Por longos anos, houve a valorização do chefe, mas hoje as organizações e entidades modernas trabalham com líderes.

No Comando do 5º Grupamento de Bombeiros Militar, nos baseamos numa gestão onde a liderança é o grande trunfo para uma maior relação interpessoal e de convivência com nossos comandados. O que até o momento tem dado muito certo.